A missão da Doutrina é colocar Jesus no coração, é dar assistência espiritual às pessoas que a procuram. Totalmente acolhedora, a Doutrina trata de pessoas com problemas predominantemente mediúnicos, sem distingui-las pela cor, condição econômica ou credo.
"As pessoas que nos procuram costumam apresentar alguns problemas espirituais, como possessões, visões, audição de vozes, problemas que prejudicam o espiritual e o físico de cada pessoa." Os médiuns são pessoas que se colocam no estado de harmonia, de ligação com o mundo espiritual e, a partir daí, se tornam instrumentos de manipulação de energias, resultando em benefícios para aqueles que procuram a Doutrina, dos quais podemos destacar a harmonia, a calma, a cura, o encontro consigo mesmo.
3. Como funcionam os atendimentos?
Falar dos atendimentos espirituais é também falar da mediunidade, dos rituais, da simbologia da Doutrina, dos templos do Vale e implica em caminhar nos caminhos de Deus. Sem dúvida, a Doutrina apresenta um rico sincretismo religioso, que infelizmente não caberá a esta matéria explicá-lo totalmente.
Para a Doutrina cada pessoa é um médium, porém, algumas pessoas não compreendem ou apresentam alguma dificuldade para desenvolver a mediunidade. Ela é essencial nos atendimentos e rituais realizados nos templos e demais localidades do Vale. O Vale, por sua vez, possui uma estrutura física específica e projetada para a prática da Doutrina. Ao longe de sua entrada, já é possível visualizar o morro "Salve Deus", com tais dizeres amplamente escritos em sua superfície. Abaixo dele, se encontram a Pirâmide, o Lago de Yemanjá, os Quadrantes e a Estrela Candente, locais onde são realizadas cerimônias para beneficiar o coletivo, auxiliar a humanidade.
Há ainda o Templo-Mãe, o local onde tudo começou, o templo principal onde são realizados rituais e atendimentos. Feito de pedra, o Templo foi o sétimo e o último construído, ainda na época em que Tia Neiva vivia neste mundo. Ele é composto por várias salas, cada uma delas para finalidades distintas. Como exemplo, há o "Castelo do Silêncio", um local de preparação e concentração para antes das cerimônias. E são em algumas dessas salas que ocorrem os atendimentos, de acordo com cada problema apresentado pelo visitante.
A entrevista com o Diogenes ocorreu no Templo-Mãe em uma terça-feira pela manhã, em que são realizadas duas cerimônias. Ele explica que para cada dia da semana e turno são realizadas cerimônias distintas. Na terça feira, por exemplo, foi possível presenciar a Mesa Evangélica, uma cerimônia voltada para a dominação de espíritos negativos."Toda vez que temos contato com um espírito negativo, a gente busca colocá-lo no caminho de Deus, no caminho cristão, de amor e perdão", diz.
4. E o que representam os símbolos do Vale?
É impossível falar do Vale sem citar os símbolos que compõem essa Doutrina. Devido ao forte sincretismo religioso, existem influências indígenas, caboclas, dos Incas, entre outros. Aqui você conhecerá uma pequena amostragem desses símbolos e os seus significados.
As Cores
Presentes em tudo, as cores estão ligadas às questões energéticas. Ao entrar no Templo-Mãe é possível identificar o forte colorido nas paredes de pedra, nos assentos, nos tecidos, nos altares, colorido que também se estende ao vestuário dos fiéis. O Diogenes explicou o significado de algumas cores: o verde é a energia das matas; o amarelo está voltado para o conhecimento, sabedoria; o lilás simboliza a cura; o branco a paz; o marrom está ligado ao São Francisco de Assis, uma das reencarnações do Pai Seta Branca, líder dos fiéis da Doutrina.
Em relação as vestimentas, a roupa branca é destinada à quem se inicia na Doutrina, mas a cor acompanha o medium por toda a vida. As mulheres usam um vestido branco e os homens apenas a camisa com a calça preta. Os fiéis que se encontram em um nível mais intermediário vestem o jaguar, uma roupa que caracteriza a calça marrom e a camisa preta nos homens, e a saia marron e a camisa preta nas mulheres. Quando os fiéis são, como diz Diogenes, "veteranos" eles usam uma capa colorida para acompanhar a vestimenta jaguar, cada cor de capa é um nivel diferente. O crescimento do fiel em níveis dependerá de seu compromisso espiritual, que é assumido antes mesmo da pessoa encarnar, antes mesmo dela nascer, além de sua dedicação à Doutrina.
Pai Seta Branca
O Pai Seta Branca é uma das reencarnações de São Francisco de Assis. Ele, juntamente com a Mãe Iara - que no catolicismo seria a Santa Clara de Assis - formam o casal principal responsável pela Doutrina. Pai Seta Branca é representado como índio porque foi assim que ele apareceu para a Tia Neiva. Ele chefiava um exército dos índios e conquistou admiração por usar a força como último recurso. A seta branca em suas mãos deve-se ao seu status de Cacique Tupinambá e significa a pureza.
Demais símbolos
* Jaguar: é o símbolo que vem do portal do sol dos Incas. A frente do Templo é inspirada nesse portal. Esse símbolo é representado por um leão de juba colorida que também expressa a encarnação do Pai Seta Branca como o "Grande Jaguar".
* Cruz: A cruz é o símbolo do cristianismo, cujo pano branco simboliza o manto que cobriu o corpo de Cristo quando ele foi descido da cruz. É o símbolo do Doutrinador (médium).
* Triângulo: É o símbolo do médium de incorporação, que manifesta um espírito de forma semi-consciente, mas não tem o controle de sua fala e do gestual, ficando a cargo do espírito manifestado. A cor vermelha do triângulo simboliza a cura desobsessiva e, dentro dele, o livro corresponde ao Santo Evangelho.
* Estrela de seis pontas: Na Doutrina, simboliza dois triângulos equiláteros sobrepostos de forma invertida. O vértice voltado para cima simboliza a evolução, que se direciona ao paraíso; o vértice voltado para baixo simboliza a involução, este mundo no qual vivemos.
* Sol e Lua: Ambos simbolizam a unificação de forças opostas e complementares: o sol seria um pólo positivo e a lua um pólo negativo, equilibrando assim o magnetismo da Terra.
5. E quem são os seguidores da doutrina?
Agora que já foi possível conhecer alguns aspectos sobre o templo e seus rituais, é importante também conhecer um pouco das pessoas que juntas levam essa Doutrina em diante.
Maria Clara
Nascida já na Doutrina, Maria Clara, como preferiu ser identificada, 17 anos, frequenta o Vale desde pequena e de lá nunca mais saiu. "Quando eu atingi uma idade 'mais crítica', decidi que ficaria no Vale. Ele foi e ainda é o lugar no qual eu me encontro", diz. A Doutrina, para ela, é algo mágico: "É sublime poder afirmar que você pode transformar o mundo só usando o seu coração e exercendo a caridade, colocando realmente em prática os pilares da Doutrina (amor, humildade e tolerância)".
Maria Clara coloca que no Vale não se distingue ninguém por classe social, raça ou gênero. Lá, você pode ser quem você quiser, a sua personalidade é sempre respeitada e a Doutrina é totalmente acolhedora. Infelizmente, indo na via contrária aos braços que acolhe, a Doutrina não é muito bem "recebida" por algumas pessoas devido ao preconceito. "Geralmente quem é do Vale sempre ouve que se trata de rituais realizados para prejudicar os outros, que não é de Deus, que 'só Jesus salva'... Como se não trabalhássemos na linha do amor ao próximo".
Nascida já na Doutrina, Maria Clara, como preferiu ser identificada, 17 anos, frequenta o Vale desde pequena e de lá nunca mais saiu. "Quando eu atingi uma idade 'mais crítica', decidi que ficaria no Vale. Ele foi e ainda é o lugar no qual eu me encontro", diz. A Doutrina, para ela, é algo mágico: "É sublime poder afirmar que você pode transformar o mundo só usando o seu coração e exercendo a caridade, colocando realmente em prática os pilares da Doutrina (amor, humildade e tolerância)".
Maria Clara coloca que no Vale não se distingue ninguém por classe social, raça ou gênero. Lá, você pode ser quem você quiser, a sua personalidade é sempre respeitada e a Doutrina é totalmente acolhedora. Infelizmente, indo na via contrária aos braços que acolhe, a Doutrina não é muito bem "recebida" por algumas pessoas devido ao preconceito. "Geralmente quem é do Vale sempre ouve que se trata de rituais realizados para prejudicar os outros, que não é de Deus, que 'só Jesus salva'... Como se não trabalhássemos na linha do amor ao próximo".